O que são transtornos externalizantes e internalizantes?

As dimensões de psicopatologia infanto-juvenil são categorizadas em transtornos externalizantes e transtornos internalizantes, sendo as terapias cognitivo-comportamentais cada vez mais utilizadas para tratamento.

Os transtornos externalizantes referem-se a problemas direcionados ao ambiente ou a outras pessoas e têm impacto negativo sobre indivíduos, famílias e sociedade.

Entram nesse grupo transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), transtorno de oposição desafiante (TOD), transtorno da conduta (TC), transtornos por uso de substâncias (TUS), transtorno da personalidade antissocial (TPAS) e outros.

Já os transtornos internalizantes caracterizam problemas direcionados à experiência interior. Englobam transtornos depressivos, de ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtornos relacionados, transtornos dissociativos e outros.

PREVALÊNCIA

Dados epidemiológicos demonstram taxas de 10% a 12,7% de ao menos um diagnóstico psiquiátrico em crianças e adolescentes, com maior prevalência dos transtornos externalizantes opositores e de conduta, apresentando porcentagens de 4,4% a 7%.

Alguns fatores, como instabilidade familiar, vivência de adversidades nos primeiros anos de vida, práticas parentais coercitivas, histórico de psicopatologia parental, entre outros, estão associados ao aumento do risco de dificuldades emocionais e comportamentais entre os menores.

Paralelamente, a psicopatologia infanto-juvenil também causa efeitos no sistema familiar. Famílias nas quais há filhos com transtornos de comportamento apresentam maiores disfunções, adultos que se sentem incompetentes como pais, pouca assertividade no manejo com a garotada e mães com altos escores de depressão.

COMPORTAMENTOS PARENTAIS

Sendo assim, o emprego de abordagens psicoterapêuticas que enfatizam comportamentos parentais funcionais, como o treinamento de pais, fornecem melhoras às práticas educativas utilizadas pelos cuidadores e contribuem para a adequação comportamental dos filhos.

Além disso, ao praticarem comportamentos pró-sociais, os menores podem influenciar a conduta dos adultos, alimentando uma cadeia de atitudes mais adequadas no contexto familiar.

PROCESSOS DE APRENDIZAGEM

As abordagens cognitivo-comportamentais vêm sendo cada vez mais aplicadas com sucesso no tratamento de uma ampla gama de transtornos externalizantes e internalizantes apresentados por crianças e adolescentes, incluindo depressão, ansiedade, agressividade, comportamentos disruptivos, transtornos alimentares, dificuldades de aprendizagem e autismo.

Tais terapias enfatizam os processos de aprendizagem e a influência dos modelos no ambiente social, ressaltando a centralidade do estilo de processamento da informação e o estilo de experiência emocional do indivíduo.

São intervenções ativas, diretivas, colaborativas, estruturadas e de prazo limitado, com o objetivo de ajudar o indivíduo a reconhecer e modificar padrões de pensamentos distorcidos e comportamentos disfuncionais.

TRATAMENTO PARTICIPATIVO

Entre as características comuns às terapias cognitivo-comportamentais, encontra-se a ênfase em um tratamento participativo entre o paciente e sua família, no qual o terapeuta tem o papel de facilitador ao estimular os cuidadores ao emprego de práticas educativas adequadas às necessidades dos filhos.

Além disso, o terapeuta, ao compartilhar com a família o entendimento das dificuldades e dos problemas pelos quais estão passando, propicia o surgimento de sentimentos de compreensão e esperança em pais e filhos.

Nesse contexto, o treinamento de pais mostra-se efetivo para diversos transtornos externalizantes e internalizantes infanto-juvenis, assim como para uma ampla gama de dificuldades de relacionamento entre pais e filhos. De maneira geral, é incentivado o uso de reforçadores positivos na conduta dos cuidadores, abandonando a coerção através de elogios e brincadeiras que valorizem os filhos.

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