Mudanças comportamentais: o que é esperado e o que é patológico?

Mudanças comportamentais na infância e adolescência são comuns. Na maioria das vezes, correspondem a sinais naturais do desenvolvimento. É preciso, no entanto, atenção à possibilidade da existência de patologias, quando as intervenções psicoterapêuticas e/ou psicopedagógicas tornam-se necessárias.

Crescer não é uma tarefa fácil. Essa nova experimentação do mundo traz consigo muitas transformações físicas, mentais e sociais e, com elas, alegrias, divertimentos, aborrecimentos e frustrações.

Nesse contexto, crianças e jovens podem ter mudanças comportamentais causadas por situações temporárias ou permanentes resultantes de diversos fatores – internos ou externos.

FASES

Ao longo dos quatro primeiros anos de idade, por exemplo, é muito comum que os pequenos sejam birrentos. Nessa fase, qualquer negação e desejo frustrado costumam ser acompanhados de choro, gritos e esperneio.

Já entre 5 e 7 anos, eles começam a experimentar mudanças comportamentais mais decisivas. Isso porque há diversas alterações de ordem psíquica, física e social. É o momento que ocorre a alfabetização e um processo de intensa comunicação.

E a partir dos 8 anos, é bem comum que a rebeldia dos primeiros anos seja recolocada. Nessa fase, as crianças já possuem argumentos próprios e vão testando a família todo o tempo.

Na adolescência, a partir dos 11 anos, são intensas as reações emocionais. Mudanças repentinas e imprevisíveis de humor, às vezes acompanhadas de agressividade, são frequentes. Mas, em sua maioria, representam a insegurança e a ansiedade diante de tantas situações novas que geram dúvidas e provocam transformações.

AJUDA

No entanto algumas mudanças comportamentais da garotada, quando não resolvidas por meio do diálogo e do apoio familiar e escolar, podem indicar que é necessário atendimento especializado.

Uma delas é a alteração brusca ou exagerada de comportamento, como as crianças regressarem no desenvolvimento, voltando a fazer xixi na cama ou se recusando a dormires sozinhas. Perder o apetite ou comer de forma exagerada e brigar com frequência na escola também são sintomas.

Ainda entre as mudanças comportamentais que devem ser observadas, está a agressividade excessiva, o que pode significar que a garotada não está lidando bem com emoções, sentimentos e/ou situações.

Agitação, inquietude, dificuldade de manter a atenção e de aprendizagem, queda no rendimento escolar, apatia e tristeza persistentes são outros sinais que podem indicar algum transtorno que precisa de atendimento especializado.

GATILHOS

As mudanças comportamentais podem variar muito dependendo da situação ou do quadro clínico do indivíduo, mas geralmente ficam mais evidentes diante de alguns gatilhos.

Entre esses gatilhos, estão amadurecimento (e suas mudanças físicas e hormonais), traumas, luto, uso de drogas, distúrbios do neurodesenvolvimento e transtornos mentais.

Os transtornos mentais são mais difíceis de detectar, pois podem estar mascarados por outras situações, especialmente as demais mencionadas.

Os traumas e o uso de drogas, por exemplo, podem potencializar o quadro clínico de quem tem algum distúrbio mental. Assim, o combate superficial ao problema não será uma solução eficaz.

Sejam quais forem as mudanças comportamentais que caracterizem transtornos externalizantes ou internalizantes, a psicoterapia tem muito a contribuir com crianças e adolescentes e suas famílias.

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