A síndrome do impostor ou fenômeno do impostor é uma distorção cognitiva que interfere na internalização do senso de realização de um indivíduo, da percepção das próprias habilidades e talentos.
Sob um olhar pouco atento, pode haver a falsa impressão de que se trata de uma questão de baixa autoestima. Há, no entanto, uma significativa diferença: quem possui baixa autoestima não possui um histórico de conquistas ao longo da vida.
Por outro lado, a pessoa que sofre com a síndrome do impostor tem evidências e um histórico de conquistas, mas que não são percebidas como tal, não são por si valorizadas.
Incidência
Qualquer pessoa, homens e mulheres de diferentes idades, em algum momento durante a vida, podem viver esse fenômeno. No entanto, comparativamente, é observado um impacto maior da síndrome do impostor em mulheres, assim como em outros grupos socialmente oprimidos.
Em relação à incidência por faixa etária, embora a síndrome do impostor possa ocorrer em diversas fases da vida, ela é mais comumente observável durante o período em que as pessoas estão desenvolvendo e firmando-se em suas carreiras e no mercado de trabalho, na etapa em que começam a alcançar conquistas profissionais (entre 20 e 40 anos aproximadamente).
Causas
Existem duas grandes causas para a síndrome do impostor segundo a maior especialista no assunto e pesquisadora desde a década 1970, a psicóloga norte-americana Pauline Clance.
A primeira consiste na grande exigência de realização profissional, sendo a busca pelo sucesso cada vez mais acirrada na sociedade, na qual as pessoas são cada vez mais demandadas, pois o nível de exigência de desempenho é cada vez mais alto.
A segunda se dá pelo fator das mídias sociais, em que todos se comparam com o sucesso dos outros e não mais se satisfazem com serem bons.
Sintomas
Quem experiencia a síndrome do impostor possui uma percepção distorcida, equivocada, de que que não é possuidor de mérito pelas próprias conquistas, acreditando que o sucesso é devido a fatores externos, como sorte, acaso, indicação de terceiros, boa vontade dos outros, etc., mas nunca devido ao próprio esforço ou capacidade.
Assim, a pessoa passa a viver com desconfortáveis sensações e sentimentos negativos, como angústia, insegurança ou até medo de que finalmente alguém “descubra que ela é uma fraude, pois, na realidade, ela não tem competência, inteligência e/ou talento que aparenta ter”.
Criar desculpas para justificar as próprias conquistas ou o sucesso, como “ah, foi sorte” ou “eu estava no lugar certo na hora certa”, e se sentir mais aliviado do que propriamente feliz quando se consegue atingir os objetivos também são sinais comuns que indicam a presença do fenômeno.
Consequências
Com o tempo, a síndrome do impostor pode gerar incapacidades profissionais e pessoais, podendo levar a pessoa a não atingir seus objetivos, por não se considerar merecedora.
As consequências mais frequentes são as sensações e os sentimentos negativos vivenciados pelo indivíduo que, no decorrer do tempo, podem gerar procrastinação ou ansiedade pelo fato de ele não conseguir se perceber capaz e, assim, usufruir as próprias conquistas.
Caso perdurem por muito tempo, os sentimentos de incapacidade podem gerar profunda tristeza e levar à depressão se não tratados.
Tratamento
O processo terapêutico com um profissional capacitado é fundamental para tratar a síndrome do impostor.
Uma peça-chave nesse processo consiste em trazer para a reflexão o componente claro e objetivo das evidências concretas, dos dados que a realidade apresenta sobre as capacidades, os talentos, as habilidades, conquistas, etc. que a pessoa apresenta ao longo da vida e/ou de sua carreira, confrontando as percepções distorcidas do sujeito com as evidências objetivas e concretas.
A procura por um profissional da saúde mental é, de forma geral, indicada ao se perceber a ocorrência de prejuízo na vida de uma pessoa em qualquer uma de suas áreas (psicológica, social, familiar, laboral, etc.) e/ou a dificuldade em lidar com tais acontecimentos.
Quanto maior a demora em procurar suporte e atendimento para combater a síndrome do impostor, os prejuízos podem ir acumulando-se, podendo chegar a prejuízos significativos na vida da pessoa.
Ferramenta
‘Você se sente um impostor? Cards para conhecer mais a síndrome do impostor’ é uma ferramenta que ajuda a identificar e a combater esse fenômeno para que as pessoas aprendam a valorizar e comemorar suas conquistas.
De autoria do psicólogo clínico e organizacional Fernando Elias José, este é mais um RICard’s publicado pela editora RIC Jogos. Trata-se de um livro em forma de caixinha que contém 100 cartas com frases relacionadas à síndrome do impostor.
Direcionado a adolescentes (a partir dos 16 anos) e adultos, pode ser utilizado sozinho, com a família, amigos ou sob a coordenação do terapeuta ou professor. O mais importante é que cada uma das frases tem um papel auxiliar no processo psicoterapêutico e nas relações interpessoais.