Terapia cognitivo-comportamental com crianças e adolescentes

A utilização da terapia cognitivo-comportamental com crianças e adolescentes vem crescendo nos últimos anos. Isso porque a psicoterapia para esse público tem sido cada vez mais valorizada especialmente no âmbito dos diagnósticos precoces, visando tratamentos mais eficazes, e da prevenção de transtornos mentais na vida adulta.

A TCC foi desenvolvida nos anos 1950 e 1960 pelo psiquiatra norte-americano Aaron Beck a partir do pressuposto de que o modo como o paciente processa e interpreta as situações é o que gera o sofrimento. Seu objetivo, portanto, é atingir a flexibilidade e a ressignificação dos modos patológicos de processamento da informação.

Tal abordagem foi inicialmente direcionada ao atendimento de adultos, porque se acreditava que a garotada não possuía maturidade cognitiva para usufruir de algumas técnicas utilizadas.

Entretanto, a partir da década de 1980, os trabalhos relacionados à terapia cognitivo-comportamental com crianças e adolescentes começaram a apresentar maior consistência. Tal fato pode estar relacionado aos modelos construtivistas dentro da abordagem que enfatizam o papel proativo e dinâmico dos indivíduos em suas experiências.

Esses modelos retomaram a importância das intervenções focadas nas emoções e do caráter interpessoal de construção do conhecimento.

A chamada terceira onda em TCC, a qual propõe intervenções que enfocam o papel adaptativo das emoções, possibilitou uma ampliação de visão e o aprimoramento dos tratamentos para o público infantojuvenil.

ASPECTOS COGNITIVOS

Em suma, a terapia cognitivo-comportamental com crianças e adolescentes tenta entender como os aspectos cognitivos podem originar transtornos emocionais e comportamentais.

Por isso, o terapeuta busca identificar quais são as dificuldades vivenciadas naquele momento pelo paciente, eventos anteriores importantes, qual a percepção que tem de si mesmo e do outro. Crenças, estratégias de recompensa e expectativas da família em direção ao indivíduo também têm relevância no tratamento.

INDICAÇÃO

A TCC não é indicada somente para crianças e adolescentes com transtornos mentais ou distúrbios de comportamento. Cada vez mais, esse apoio psicológico é procurado também para lidar com conflitos corriqueiros da vida, mas que, se forem ignorados, podem gerar prejuízos em sua qualidade de vida e autoestima.

Entre os padrões específicos de comportamento e condições psiquiátricas na infância e adolescência que se beneficiam dessa abordagem psicoterapêutica constam: birra, intransigência, fobia social, ansiedade, depressão, transtornos alimentares, dificuldades de aprendizagem, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD) e Transtorno do Espectro Autista (TEA).

PREVENTIVO

Assim como em outras abordagens teóricas, a terapia cognitivo-comportamental com crianças e adolescentes deve ser fomentada e estimulada no sentido preventivo e também aumentando e valorizando a atenção ao sofrimento psíquico na infância e na adolescência.

Além de ser de fundamental importância para a promoção da resiliência em uma fase inicial da vida, que pode garantir um desenvolvimento saudável ao longo do ciclo vital, o trabalho da TCC com crianças e adolescentes é dinâmico, estimula a criatividade e é gratificante. Cabe ao terapeuta exercer sua prática com sensibilidade e criatividade, com a certeza de que cada criança e cada jovem é um ser único e especial.

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