Terapia Cognitivo-Comportamental: como entendê-la?

Fazer com que o paciente compreenda o funcionamento da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é parte fundamental do tratamento colaborativo. E uma das formas de psicoeducar o indivíduo para que ele se comprometa com o processo terapêutico consiste na apresentação do modelo ou fórmula ABC.

A TCC acredita que as interpretações que o indivíduo faz sobre os fatos é que resultam em sintomas emocionais, fisiológicos e comportamentais.

Tais interpretações são frequentemente permeadas por pensamentos automáticos, que são pensamentos rápidos, não questionados e muitas vezes errôneos, por conta das distorções cognitivas baseadas em crenças disfuncionais.

Portanto, de acordo com a Terapia Cognitivo-Comportamental, a interação entre situações/fatos, interpretações/percepções e consequentes reações pode ser ilustrada pela fórmula ABC.

Nesse caso, o A se refere a evento ativador, adversidade, fato, situação ou acontecimento real. Já o B (do inglês belief) está relacionado às crenças e aos pensamentos, ou seja, à maneira como a pessoa interpreta os fatos.

Por sua vez, o C relaciona-se às consequências, ou seja, à forma como o indivíduo reage ao acontecimento e à sua interpretação. É onde entram os sintomas emocionais, fisiológicos e comportamentais.

Portanto, se a pessoa tem crenças disfuncionais e pensamentos automáticos errôneos, é provável que suas reações emocionais, físicas e/ou comportamentais não sejam adequadas às situações.

As pessoas, no entanto, têm a tendência de acreditarem que é por conta de uma situação (A) que ocorrem as respostas (C), mas, conforme a Terapia Cognitivo-Comportamental, é por conta dos pensamentos/cognições (B), ou seja, da maneira como elas interpretam os fatos.

Tais interpretações surgem na mente, podendo vir em forma de pensamento ou imagem. São chamados de pensamentos automáticos e não há controle sobre eles, diferentemente dos pensamentos conscientes e voluntários.

Da mesma forma que esses pensamentos automáticos vêm, eles vão, sem que as pessoas se deem conta deles muitas vezes, pois geralmente são breves e fugazes. Simplesmente surgem sem serem frutos de desejo ou reflexão.

Mesmo assim, podem causar reações emocionais, fisiológicas e/ou comportamentais. Isso porque, pelo fato de as pessoas não terem consciência de sua existência, geralmente não são questionados e são aceitos como verdadeiros.

PSICOEDUCAÇÃO

Para psicoeducar o paciente e fazer com que ele perceba que não é a situação em si (A), mas a forma como ela é interpretada (B) que o leva a se sentir ou se comportar de determinada maneira (C), o terapeuta adepto da Terapia Cognitivo-Comportamental pode usar exemplos hipotéticos relacionados ao cotidiano.

Um desses exemplos pode se referir à reação de ansiedade com palpitações (C) de um estudante após fazer uma prova (A) e pensar que foi mal e provavelmente reprovará (B). Caso ele tivesse reagido com tranquilidade (C) após a prova (A), seu pensamento (B) a respeito dela certamente teria sido outro.

Outro exemplo são as possíveis reações de um funcionário quando cobrado pelo empregador por não ter concluído seu relatório em tempo hábil (A). Se sua reação for raiva (C), ele provavelmente pensou que não é valorizado (B) na empresa. Se sua reação for preocupação (C), ele provavelmente pensou que pode perder o emprego (B).

A fórmula ABC é, portanto, uma ferramenta para ajudar o paciente a consolidar a ideia do que é a Terapia Cognitivo-Comportamental.

Também é importante quando for solicitado a ele que faça o registro dos pensamentos disfuncionais (RPF). Nesse diário cognitivo, o indivíduo passa a anotar as situações vividas no cotidiano, os pensamentos decorrentes e as respectivas reações.

Esse monitoramento é um dos primeiros passos que o paciente vai dar no sentido de manejar as distorções cognitivas.

RECURSOS LÚDICOS

Nesse processo de mudança cognitivo-comportamental proposto pela Terapia Cognitivo-Comportamental, também podem ser utilizados recursos lúdicos. O Tabuleiro Cognitivo, publicado pela editora RIC Jogos, é um jogo para identificar crenças e pensamentos disfuncionais.

De autoria das psicólogas Catarina Brandão e Regina Azevedo, foi criado com o objetivo de guiar o paciente de forma lúdica e colaborativa à reflexão de seus pensamentos disfuncionais e de suas crenças intermediárias e nucleares no set terapêutico.

O Tabuleiro Cognitivo facilita a comunicação entre terapeuta e paciente principalmente nos casos de introspecção, podendo ser usado na terapia com adultos, casais e famílias, assim como auxiliar no processo de psicodiagnóstico terapêutico.

Outro recurso lúdico publicado pela RIC Jogos é o Jogo das Crenças, de autoria das psicólogas Camila Stor de Aguiar e Nathália Della Santa Melo Dantas. Foi pensado com o objetivo de elucidar as crenças centrais desamor, desvalor e desamparo, frequentemente observadas na clínica cognitivo-comportamental.

É recomendado para adolescentes, adultos e idosos como recurso auxiliar na investigação cognitiva.

Ambos os jogos estão disponibilizados no portal RIC Jogos: https://www.ricjogos.com.br/.

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